Carlos
Manuel Dias Madaleno.
Museu
de Arte Sacra da Covilhã, Município da Covilhã. Portugal.
diasmadaleno@sapo.pt
PALAVRAS CHAVE
Património,
culto, popular, desenvolvimento, região.
RESUMO
O
culto do Divino Espirito Santo apaixonou etnógrafos, sociólogos e historiadores
por todo o país, não obstante foi praticamente esquecido na Covilhã. A sua
presença na região está devidamente atestada com a construção de templos em
toas as freguesias do concelho sendo orago da freguesia do Dominguiso e em
igrejas doutra devoção surgem-lhe destinados retábulos, como é o caso do
Ourondo ou da igreja da Misericórdia na cidade.O culto foi anunciado pelos
Franciscanos que defendem um mundo mais justo, mais verdadeiro e mais belo e
que na região estiveram bem presentes através dos seus conventos e Ordens
Terceiras.Não menos importante foi a difusão feita pela Ordem de Cristo, de que
o mais conhecido mestre foi também o primeiro Senhor da Covilhã, o Infante D.
Henrique. De acordo com João Silva e Sousa as confrarias do Espírito Santo
funcionavam na dependência da Ordem de Cristo, razão pela qual se constata a
sua larga representação entre Tomar e a Covilhã.Mas, a razão que parece mais
importante para a popularidade do culto é o carácter democrático das suas
práticas. A título de exemplo, todos os anos era escolhido para presidir às
cerimónias um imperador, este poderia ser um simples homem do povo. E era
obrigado a oferecer, no domingo do Pentecostes, um jantar também chamado de
bodo, cabia igualmente a guarda da bandeira.Cerimónias semelhantes a estas
teriam lugar em todas as freguesias caso se queira conhecer a complexidade e
riqueza da nossa cultura popular. Consubstanciadas num rico património,
oferecem hoje ao visitante uma experiência que se traduz no cancioneiro e na
gastronomia caraterística desta região. É por isso um recurso que urge
preservar de forma a garantir a sua genuinidade e originalidade.De igual modo
não se poderá esquecer a componente patrimonial/artística, onde se destacam as
bandeiras e frescos com iconografia muito interessante, representando temas
muitas vezes, proibidos pelas autoridades eclesiásticas.