DAVID FONTÁN_JUEVES15OCTUBRE

CONFLITO SÓCIO-AMBIENTAL E (RE)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA COMUNIDADE RURAL DE ENCROVAS [Streaming]
David Fontán Bestilleiro.
Grupo de investigação HISTAGRA (Universidade de Santiago de Compostela). Galiza.
fbestilleiro@gmail.com

PALAVRAS CHAVE
História, memória, organização, mobilização, identidade.

RESUMO
Entre todos os conflitos que tiveram lugar no rural galego durante a Transición democrática, no final da década de 1970, a luta das vizinhas e dos vizinhos de Encrovas (Cerzeda, Corunha) em defensa das suas terras perante a ameaça da exploração mineira projetada por Unión FENOSA foi, provavelmente, o de maior projeção social, tanto naquela altura como nas décadas posteriores. Na grande repercussão daqueles feitos jogou um importante papel a esquerda nacionalista galega, cujos quadros, que tomaram parte no conflito, souberam aproveitar um contexto de mudança de regime em que os meios de comunicação se mostravam especialmente recetivos a este tipo de temas. De fato, as fotografias tiradas pelo fotojornalista de ‘La Voz de Galicia’ Xosé Castro, que proporcionam uma representação determinada da identidade camponesa galega, tiveram muito a ver com a construção da narrativa hegemónica do conflito, a da “revolta das Encrobas”, que situa aqueles acontecimentos como germe do nacionalismo galego contemporâneo. Trata-se de uma narrativa que patrimonializa o conflito, que minimiza as suas dimensões e que reduz a capacidade de agência da comunidade, subalternizando o seu papel e as lógicas que a levam à luta. De fato, nos últimos anos vários vizinhos vêm organizando uma série de “rotas da memória” que se aproximam ao conflito e à história recente de Encrovas de uma perspetiva mais integradora. O objetivo da comunicação é 1) apresentar algumas reflexões acerca do papel da comunidade no conflito com a empresa, que se estende desde o início da década de 70 até o feche (aparentemente) definitivo do seu complexo industrial, previsto para este ano; e 2) tratar a importância deste conflito na (re)construção de uma identidade coletiva dos vizinhos e vizinhas de Encrovas, muito vinculada à organização social, à luta e à resistência.