Maria
do Carmo R. Mendes.
Universidade
da Beira Interior. Portugal
mendes.mariacarmo@gmail.com
PALAVRAS CHAVE
Património,
cripto-património, valorização, exploração.
RESUMO
A
massificação do turismo trouxe a consciência de que muito do Património
histórico, arqueológico e artístico existente na Beira Interior se encontra ao
abandono e/ou esquecido. A urgência da sua conservação e valorização como parte
do potencial que o Interior tem guardado traz consigo a imperiosa necessidade
de reconectar as comunidades à sua memória ancestral, cujos elos foram algures
perdidos mas que revelam algures identidades que ainda hoje permanecem, mesmo
estando as suas origens esquecidas no tempo. Contudo, estes recursos não são os
únicos que poderão catapultar a notoriedade da região: nos últimos anos temos
assistido a uma implementação de uma exploração sem precedentes dos recursos
naturais, exploração onde também se incluem os recursos minerais. Dizem que
estes recursos devem ser explorados no local onde existem, porque são
inamovíveis; sobre estes, os quais existem no subsolo, foi ao longo do tempo
sendo edificado património de valor histórico e arqueológico irrepreensível,
que é assim colocado em risco porque a extracção do recurso mineral é, dizem,
economicamente mais rentável que a preservação e a valorização. Algum foi,
entretanto e sob este novo paradigma de uma sociedade neo-liberal de moldes
extrativistas, irreversivelmente destruído e assim apagado da História.
Infelizmente, as decisões sobre o que poderá ou não ser explorado passam
essencialmente pela esfera política, que grande parte das vezes é insensível às
questões do Património e sobremaneira impressionável com as da economia. Cabe
aos agentes locais e que se debruçam sobre estas questões apresentar o problema
e criar metodologias que o solucionem, integrando neste processo as comunidades
e os seus latentes elos afectivos com o passado, porque a memória colectiva não
se pode restringir apenas ao espaço fechado e inerte de um museu. A memória
colectiva não subsistirá no futuro se assente apenas em “cripto-património”.