MARIA MENDEZ_JUEVES15OCTUBRE

PROBLEMÁTICAS DA PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL NA BEIRA INTERIOR: MEMÓRIA OU ECONOMIA? [Streaming]
Maria do Carmo R. Mendes.
Universidade da Beira Interior. Portugal
mendes.mariacarmo@gmail.com

PALAVRAS CHAVE
Património, cripto-património, valorização, exploração.

RESUMO
A massificação do turismo trouxe a consciência de que muito do Património histórico, arqueológico e artístico existente na Beira Interior se encontra ao abandono e/ou esquecido. A urgência da sua conservação e valorização como parte do potencial que o Interior tem guardado traz consigo a imperiosa necessidade de reconectar as comunidades à sua memória ancestral, cujos elos foram algures perdidos mas que revelam algures identidades que ainda hoje permanecem, mesmo estando as suas origens esquecidas no tempo. Contudo, estes recursos não são os únicos que poderão catapultar a notoriedade da região: nos últimos anos temos assistido a uma implementação de uma exploração sem precedentes dos recursos naturais, exploração onde também se incluem os recursos minerais. Dizem que estes recursos devem ser explorados no local onde existem, porque são inamovíveis; sobre estes, os quais existem no subsolo, foi ao longo do tempo sendo edificado património de valor histórico e arqueológico irrepreensível, que é assim colocado em risco porque a extracção do recurso mineral é, dizem, economicamente mais rentável que a preservação e a valorização. Algum foi, entretanto e sob este novo paradigma de uma sociedade neo-liberal de moldes extrativistas, irreversivelmente destruído e assim apagado da História. Infelizmente, as decisões sobre o que poderá ou não ser explorado passam essencialmente pela esfera política, que grande parte das vezes é insensível às questões do Património e sobremaneira impressionável com as da economia. Cabe aos agentes locais e que se debruçam sobre estas questões apresentar o problema e criar metodologias que o solucionem, integrando neste processo as comunidades e os seus latentes elos afectivos com o passado, porque a memória colectiva não se pode restringir apenas ao espaço fechado e inerte de um museu. A memória colectiva não subsistirá no futuro se assente apenas em “cripto-património”.